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Comentários sobre “What They Died For”

maio 19, 2010

Se esse episódio tivesse sido bombástico desde o começo até o fim, poderia ser considerado o melhor da série. Desde a primeira temporada venho esperando uma rodinha de pessoas onde alguém especial contasse tudo o que quisessem saber. Na primeira temporada não tivemos uma pessoa em quem confiar segredos, na segunda, aparece Henry Gale, que agora conhecemos como Ben. Esperamos muito desse cara maluco, mas no fim ele é apenas outro candidato. Na terceira temporada tivemos os Outros e a história da Dharma. Na quarta, com muita coisa desmistificada, temos a silhueta sem forma de Jacob, o chefe.

Jacob, quando primeiro citado na terceira temporada, foi tratado como mistério pequeno, agora, quando chegamos ao décimo sexto e penúltimo episódio da última temporada temos o mesmo Jacob sentado e falando a frase mais esperada pelos fãs de longa data: “sentem-se que contarei o que querem saber…

Primeiro falemos sobre a realidade paralela pra depois comentarmos a conferência à Jacob… Falemos de Desmond, o cara que, ao ver Charlie com a mão no vidro do carro, viu toda a sua vida passar pelos seus olhos. Mas espera… Não era sua vida, era a vida de outro Desmond, em outra realidade. Ele ficou maravilhado com os fatos e acabou querendo fazer todo mundo ficar.

Um concerto… Esse vai ser um dos momentos que mais nos lembraremos no futuro, quando Lost acabar. A reunião no cais, a reunião na igreja, e agora num concerto! Vai ser fantástico. Vai ser Lost style. Adoro reuniões. Mas primeiro, deixa eu especular um pouquinho sobre flash-sideways, que foi o que trouxe-nos até essa reunião que promete… Algumas dúvidas pertinentes que martelaram até o fim do meu cérebro:

Seguinte: Quando uma pessoa se lembra de fatores da outra realidade, se lembra apenas de momentos relacionados ao motivo da recordação ou se lembra de toda a sua vida? Desmond parece ter se lembrado de tudo, já que está procurando apenas os relacionados às situações de sua outra vida, ou seja: os passageiros que fizeram parte de sua jornada… Nenhum figurante, digamos assim. Hurley também demonstrou saber de muitas coisas ajudando Desmond. mas Locke, Ben e Sun, que aparentemente também tiveram flashes da outra realidade, aparentam lembrar-se apenas de momentos marcantes: Ben lembrou-se de Desmond batendo nele, Sun lembrou-se de Locke (provavelmente depois de ter virado a fumaça) e Locke de coisas que apenas o fizeram acreditar em destino de novo. Ele, por exemplo, não se lembra de Jack, Ben, Desmond… Ben não se lembra de Danielle, Alex, ou até mesmo Locke. Será que existe uma diferença de flashes ou será que o esforço da vontade de lembrar faz com que mais coisas voltem? Resumindo: Desmond e Hurley tiveram flashes mais detalhados da outra realidade pelo anseio em lembrar. E Locke, Ben, Sun apenas tiveram flashes de traumas por que não entenderam? Acho uma dúvida pequena, mas que deve ser esclarecida na fatídica reunião no concerto.

Ainda sobre os flash-sideways: A conversa entre Locke e Jack na sala do doutor me lembrou a cena da primeira temporada, quando os dois estão caminhando para entrar na escotilha e falam sobre ciência e fé. Só que dessa vez, como praticamente acabaram de se conhecer, Jack e Locke têm o mínimo de respeito um com o outro, o que não tinham na cena citada.

A reunião está chegando. Jack irá e levará Claire, como sua irmã. Conseqüentemente, a ex-mulher de Jack vai também, e eu acredito que, pelo segredo, deva ser alguém que estava na ilha. Tenho meu palpite, e acho que está certo, mas não vou falar aqui por causa da política de spoilers que eu determinei pros posts de comentários. Anyway, Kate vai com Desmond, Sayid vai com Hurley, Miles vai, pois o lugar onde acontecerá o concerto é no museu onde seu pai e Charlotte – que também vai – trabalham. Só falta uma maneira de Su8n, Jin e Sawyer aparecerem; alguma coisa acontece. Com todos esses fatores, chegamos à conclusão dos que irão: Jack, Claire, a mulher de Jack, Kate, Desmond, Sayid, Hurley, Miles, Charlotte e o Dr. Chang. The End promete.

Pronto. Fim dos fatores dos flash-sidways: podemos voltar aos acontecimentos – EXPLOSIVOS – da ilha:

A morte de Richard pelo monstro de fumaça. Não foi chocante… Depois de toda a desmistificação acerca do personagem, minha fissura por ele diminuiu 100%. O que eu achei engraçado foi a idéia que ele tinha de que o Locke queria ele. Antes de sair da casa, disse que ele provavelmente queria alguma coisa dele, por isso não o machucaria. Richard foi morto com a idéia fixa de que era querido por Locke. Triste fim, mas, porra! Finalmente, hein, Richard! 300 anos não é pra qualquer um!

Esse episódio também nos presenteou com vários fatores da vida de Jacob: o guardião do coração da ilha. Vamos aos fatos que teorizo: Jacob nasceu na ilha e cresceu com seu irmão, até que o mesmo encontrou-se com o resto do pessoal de sua mãe e se uniu a eles. Jacob provavelmente conversou muito com o irmão enquanto o mesmo estava participando das pesquisas em busca da fonte de cura e poder da ilha: a luz. Quando a mãe deles descobre que ele tinha finalmente encontrado a luz, que, pelo que parece, só pode ser encontrada pelo guardião da ilha, ela vai atrás do filho, o tira do buraco e, de alguma maneira – talvez convocando o monstro – destrói todo o mecanismo construído e mata todos os habitantes da vila em que Esau estivera vivendo por todos os anos ausentes. Quando ele volta a sí, mata a mãe. Jacob fica bravo e vai atrás do irmão e o joga na fonte da luz. O monstro de fumaça o possui e ele fica bravo, querendo matar Jacob com todas as forças para finalmente encontrar a luz e poder sair da ilha. Esaú encontra uma brecha nas regras e consegue matar Jacob, só que ele não esperava que as cinzas fossem guardadas, o que continuou funcionando como proteção. Agora que Jacob conseguiu se materializar para os candidatos restantes, foi atrás do que viera trabalhando a vida toda: conseguir um substituto. A conversa que precedeu a passagem da coroa foi reveladora. O diálogo foi conclusivo.

Why us?” seria a pergunta que Jacob queria responder. Sawyer diz: “Porque você me tirou da minha vida perfeita e me trouxe pra esse fim de mundo? Eu estava vivendo tão bem!” E Jacob interrompe: “Não, você não estava vivendo bem! Eu candidatei vocês por que a situação de vocês era propicia. Vocês eram iguais a mim: solitários!” E continua explicando… Retirou o nome de Kate dos candidatos por que ela tinha se tornado mãe. Não era mais sozinha. Agora, ao contrário de antes, tinha um propósito: cuidar de um filho. “Mas aquilo é apenas giz na parede. Se você quiser, ainda pode aceitar o trabalho.“, diz pra Kate.

Depois dessa cena, comecei a perceber fatores: Jacob era um sozinho governante da ilha. Fora mais fácil pra ele cuidar de um lugar sem nenhuma preocupação. A minha cabeça explodiu quando me dei conta da coisa mais explícita em toda a série: a solidão. Reflita e acompanhe todo o raciocínio. Por mais que Jin e Sun fossem casados, os dois eram sozinhos em seus mundos. Cada um em seu canto, brigando por qualquer decote baixo. Jack vivia sozinho, cheio de estereótipos estampados na cara. Kate, uma fugitiva sem família, que matou o próprio pai por engano e por isso acabou com sua relação com sua mãe. Hurley: o pai fugiu quando era uma criança, voltou quando o filho se tornou milionário e só tinha sua mãe. Seu melhor amigo brigou com ele, a única menina que ele gostava não ligava pra ele… Uma pessoa sozinha. Sawyer passou toda a vida procurando por uma pessoa que ele mesmo nunca tivera visto; Sayid, um ex-torturador que perdeu seu amor para a guerra; Claire, largada pelo pai de seu filho; Shannon, uma golpista formada por conseqüencias, com o pai morto… E etc. Todos os principais candidatos eram infelizes e sozinhos. Na realidade paralela, todos têm alguém. Jack com seu filho, Kate inocente, Sawyer nice guy com um trabalho e amigos… Enfim. Lost tem profundidade, o que faz sem valor as questões inocentes, como “eles vão ser resgatados no final?”

Minhas expectativas, como dito no post de comentários e no começo desse, eram minúsculas, mas o resultado acabou sendo inverso: um dos melhores episódios da temporada. Fez o maior post do meu blog. 😛

Algumas observações importantes:

Interessante o modo como as regras funcionam… Zoe abriu a boca pra falar com Locke e foi morta. Antes de ter falado ela não poderia ter sido morta ou persuadida? Uma das regras da relação Esau/Ilha/Jacob/morte.

Quando uma pessoa é presenteada com o dever/poder de proteger a ilha, tem o poder de achar o coração da ilha, a luz que precisa ser protegida, por isso Esau não encontrou (a caverna sobre a água). Por isso Jack, que presumiu não existir nada depois da montanha à frente aos bambus estará agora, que virou guardião, apto a encontrar o lugar que protege. Fim de mistério.

Produtores, roteiristas, diretores, compositor musical e diretores de fotografia de Lost, vocês estão de parabéns. Conseguiram criar a melhor série de todos os tempos, dar um sentido pra tudo e fazer uma imagem. Uma identidade. Só não dou parabéns aos editores de áudio, pois o áudio de Lost é péssimo e mau equalizado. Foi mau aí, galera da edição de áudio! Sem ofensas. Um beijo e… A gente se vê na semana que vem, pela última vez (talvez). Boas noites e até o post de informações de THE END.

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