Desmond, Eloise, Richard e as desmistificações

Uma coisa que pode-se reparar é que Desmond foi sempre um viajante. Na terceira temporada, ele vivia na nóia de salvar a vida de Charlie e, na mesma temporada, acabou viajando no tempo e indo pra 1996, quando se encontrou com a mãe de Faraday. Nessa sexta temporada, foram nos apresentados os flash-sideways, que mostram as imagens de uma realidade durante o que aconteceu na outra, em outro momento. Desmond, dessa vez, é um dos primeiros a viajar pelas realidades. Seria Desmond o centro de Lost por ser um viajante?

Enquanto Desmond é um viajante, Eloise Hawking é uma conhecedora, uma sábia. No episódio Happily Ever After, quando Desmond vai procurar por Penny na realidade paralela, ele conversa com a velha, que diz as mesmas coisas que disse quando encontrou com o Desmond de 1996: pra ele desencanar porque o destino já existia. De onde Eloise tirou essa sabedoria que vem demonstrando há tanto tempo e ao passar de tantos acontecimentos? Eu espero, de verdade, que essa questão seja respondida. Não desmistificada, mas pelo menos respondida.

Esses dias os produtores de Lost, Damon Lindelof e Carlton Cuse deram uma entrevista que rendeu muitas especulações. Em um dos desenrolares do tópico, Cuse diz:

Muita coisa ficará no ar para ser debatida quando a série acabar. Nós vamos apontar uma conclusão, uma que esperamos que seja satisfatória. As grandes perguntas, entendemos que não devem ser respondidas. Para nós, desmistificar algumas coisas que fizemos em Lost seria como o mágico revelando para você qual era o truque e nós não queremos fazer isso.

Entendo muita coisa do que eles estão falando. Lost foi um seriado que me fez sonhar com respostas, que me fez ficar toda semana instigado cada vez mais com o final. Queria sempre mais o final com tudo resolvido, mas, como Cuse disse, não tem como resolver os mistérios de forma científica (porque é assim que os fãs querem) sem desmistificar nada e, desmistificar coisas acaba sendo traumático e chato pra quem passou seis anos acompanhando um seriado.

Levemos como exemplo o mistério que rodeou Richard por tanto tempo: quem é Richard? Todo mundo jurava que a resposta para essa pergunta seria cheia de misticismo egípcio e deuses, mas nada mais foi do que a história de um cara normal que quis viver pra sempre. Richard foi desmistificado, fazendo de seu episódio, com potencial incrível pra ser o melhor episódio da temporada, só mais um episódio entre as explosões cerebrais que foram apresentadas nos episódios seguintes.

Richard foi desmistificado e eu não quero que o viajante Desmond e a sábia Eloise sejam também. Quero que sejam esclarecidos, não respondidos. Não desmistificados. Repito: O público de Lost gosta de respostas científicas, fatídicas. Responder cientificamente é desmistificar. E ninguém quer uma série de seis anos desmistificada em uma temporada.

Guardarei esse texto pra mostrar aos que se decepcionarem com o final da temporada daqui um mês. Falta um mês! UM MÊS! Namastê, seus malucos! 😛